Hoje pensei em abrir aqui, neste blog de qualidade acima da média, o capítulo dos sonhos. Mas não…vou deixar isso para depois até porque os dois sonhos mais recentes relacionam-se com a minha actividade profissional enquanto marinheiro da Caravela 7. E, apesar da benesse que me foi dada pela duas colegas marinheiras a que aludi (sim…eu sei que tenho um léxico riquíssimo, obrigado…) em posts anteriores, continuo um bocadinho pelos cabelos com as missões náuticas e com os briefings no navio-escola…Como tal, acho que deixo as temáticas oníricas (vocabulário exuberantemente vistoso, mais uma vez….lá está…eu disse) para outra ocasião e vou falar sobre uma curiosa interacção que tive ontem com uma turista que me abordou em inglês…Acho que pela maneira de falar, e coincidência das coincidências, era mesmo inglesa. O que até bate certo…uma inglesa a falar inglês é uma coisa natural…
Bom, mas lá vinha eu no boiador de regresso a casa depois de mais uma missão nocturna na Caravela 7 (e prometo a mim mesmo que é a última vez que falo em trabalho neste post…) e, depois de quase vinte minutos da melhor imitação "Jardeliana" da Margem Sul, sou abordado por uma senhora de meia-idade que me pergunta:
- “Do you speak english?”
Ao que, em bom português, respondo com um entaramelado:
- “Sim, i speak”…
Não sei se ela percebeu a totalidade da frase ou se resolveu continuar a estimular o meu lentificado cérebro pelo aceno positivo que fiz mas, meio titubeante, lá lhe consegui explicar onde é que ficava a estação de toupeiras de superfície do Barreiro.
- “Do you speak english?”
Ao que, em bom português, respondo com um entaramelado:
- “Sim, i speak”…
Não sei se ela percebeu a totalidade da frase ou se resolveu continuar a estimular o meu lentificado cérebro pelo aceno positivo que fiz mas, meio titubeante, lá lhe consegui explicar onde é que ficava a estação de toupeiras de superfície do Barreiro.
Pensava eu que a conversa tinha acabado quando, no meio da pequena multidão que abandonava o boiador, sinto uma presença loira a violar aquela subliminar distância de segurança e uma voz de meia-idade, num tom inquiridor:
- “Can you show me where it is, please?”
Ao que, uma vez que os comboios já estavam à vista, limitei-me a apontar e a fazer uma expressão (pensava eu….) simpática e do género “é ali, ‘tás a ver…eu disse-te q era pertinho”…
Nessa altura ela sai-se com um:
- “Oh! I see…Obrrigáda!”
Que acompanhou com um indolente piscar de olho e com um muito pouco feminino estalido proveniente das entranhas da sua cavidade oral. E acho que foi essencialmente isso (e o “Obrrigáda!”…) que me perturbou ao ponto de ter respondido com um clarissímo:
- “Oh! De naduélcome…”
Enquanto que aquelas carnes axilares sobrantes começaram a abanicar ao ritmo de uma corridinha que encetou rumo à estação que lhe “indiquei”…
- “Oh! I see…Obrrigáda!”
Que acompanhou com um indolente piscar de olho e com um muito pouco feminino estalido proveniente das entranhas da sua cavidade oral. E acho que foi essencialmente isso (e o “Obrrigáda!”…) que me perturbou ao ponto de ter respondido com um clarissímo:
- “Oh! De naduélcome…”
Enquanto que aquelas carnes axilares sobrantes começaram a abanicar ao ritmo de uma corridinha que encetou rumo à estação que lhe “indiquei”…
Enterrei os olhos na calçada e comecei a repensar na “riqueza” do meu léxico…
E naquele piscar de olho…
E no estalido…
E no facto de haver turistas no Barreiro…
1 comentário:
Turistas no Barreiro? Não querias dizer Tunisia? Ou Egipto?
Bom blog!
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