domingo, 22 de fevereiro de 2009

Simplicidade e Loucura

Ontem estava a jantar com a minha digníssima e anti-benfiquista avó e, à falta de SporTv, tragávamos uma apetitosa sopa de cebola ao mesmo tempo que ouvíamos o relato do Sporting-Benfica na velhinha telefonia dos Olivais (sim...a minha avó também ouve relatos de bola...).Às tantas, o histérico locutor dá conta do descontentamento de um jogador do Sporting que, após ser substituído, punia o banco de suplentes com vigorosos murros e pontapés...Comenta a anciã:

- Parece qu'é parvo...podia 'tar a jogar bem mas o que entrou também 'tava a querer jogar...

E é quando o mundo parece mais louco que sabe melhor o desassombro de encarar um pomposo derby lisboeta como um jogo entre os gordos da Tasca Tonita e os obesos do Mini-Mercado Marona...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu cá love you-te bué, mon amour...

Que fique bem claro que gosto muito da língua portuguesa. Sinto muito orgulho em ser português e no facto de ser o português o meu idioma. Gosto que seja das línguas mais faladas do mundo e, ao mesmo tempo, que seja tão difícil de apreender por quem não a fala devido à sua riqueza e à multiplicidade de excepções que quase são regra. Gosto da vastidão lexical e das inúmeras palavras que, sendo sinónimos ou simples variações conforme a região, significam a mesmíssima coisa. Gosto de as descobrir e de as usar…A língua portuguesa é uma questão de química…palavras como combustível, entoações como comburente…uma questão de paixão…adjectivos gemidos que se enlaçam em verbos ofegantes…A língua portuguesa é, enfim, um caso de amor que se entranha sem que se estranhe.

Porém, até mesmo no maior amor se encontram defeitos e limitações. E, por mais bela que seja a língua portuguesa, vejo-me obrigado a admitir que há temas em que deixa um bocado a desejar…como no que diz respeito ao amor. Em época de Dia dos Namorados, urge admitir (com mais ou menos dor de alma…) que a língua portuguesa NÃO DEVE ser usada por quem queira engatar alguém…Senão vejamos: qual é palavra/expressão, qual é ela, que melhor representa o amor que se sente por outra pessoa? “Amo-te”, certo? Soa bem? Humm…vamos experimentar noutros idiomas…”I Love You” parece um sopro pela forma como se termina a expressão…”Je t’aime” derrama classe e charme por todos os poros…”Ich Liebe Dich” é fofinho, e fofinho é coisa que cai bem nestas história de amor…já a dizer “Amo-te”, ainda que seja com a voz mais doce do mundo, assemelha-se ao arremesso de uma bola medicinal para cima de quem a ouve…murmurar “Amo-te” exige o pré-requisito de enfiar um papo-seco na boca antes de o dizer e, desde que nascemos, que nos ensinam a não falar de boca cheia…muito menos quando se quer impressionar alguém ou, quanto muito, não suscitar…vá lá…nojo. Se calhar o melhor mesmo é não dizer nada…especialmente a palavra “Amo-te”…
Mas esperem, esperem…vamos lá dar outra oportunidade à língua portuguesa. O momento é de paixão ardente, de beijos lânguidos e peças de roupa que voam rumo a todos os pontos cardeais…Um espanhol vira-se para uma espanhola e cicia “Te quiero…te deseo…” e, perante isto, não há como não prosseguir com doçura e harmonia alinhando vontades como que encadeia as palavras de um poema…No quarto ao lado um português vira-se para uma portuguesa e sussurra “Quero-te…desejo-te…” o que soa logo a javardice…e, perante isto, não há como não prosseguir com o português a arrotar com estrépito e a portuguesa a fazer o buço com uma pinça…

E não é isso que se quer…





segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

(a fazer boquinhas) Be My Valentina (a fazer boquinhas...)

E pronto, lá se passou mais um 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim…Para o bem e para o mal, lá vai ele mas fica a promessa de, para o ano que vem, haver mais…
Mas, quem foi este tal Valentim e por que raio se decidiram associá-lo aos dia dos “melos”, errr..quer dizer, Dia dos Namorados…Bom, após aturadíssima investigação, parece que esse tal Valentim foi um padre que celebrava casamentos contrariando as ordens do Imperador Cláudio II, o manda-chuva da altura…O Cláudio queria conquistar este mundo e o outro (não devia ter mais nada com que se preocupar…) e, para tal, dizia precisar de um grande exército.
E o que tem isto a haver com o Valentim?? Tem…porque o Cláudio achava que impedindo os jovens de casar, os varões estariam mais predispostos a alistar-se na tropa…e porque o Valentim, lá está, às escondidas continuava a casar os pombinhos. Ah! E além de ser columbófilo, o Valentim também casava pessoas. Ora, o Cláudio era um tipo mimado e, quando descobriu que o contrariavam, fez beiçinho. E, num ataque de birrice, mandou despachar o Valentim. Posto isso, e porque não há santo que seja santo sem estar morto, a Igreja resolveu elevá-lo a santo e, só muito tempo depois, associou-se o Dia de São Valentim (dia 14 de Fevereiro) ao Dia dos Namorados…
Muito bonito, hein!? Pois, é giro…mas esta elevação do Valentim a santo cheira-me a esturro…até pelo que se fala hoje em dia acerca do casamento entre pessoas do mesmo sexo, coisa a que a Igreja não acha grande piada. Se actualmente é assim, há muitos anos atrás, um casamento entre dois homens ou duas mulheres devia ser tão concebível como pôr a Terra a girar à volta do Sol…E isto de evitar casamentos e mandar homens jovens e atléticos empilharem-se em tendas frias, seria de desconfiar…O Valentim apercebeu-se disso e tratou de amenizar a tragédia até o Cláudio (Ramos!?!) dar com a marosca e mandá-lo p’rá cadeia (lá está…) antes de o enforcar e do póstumo reconhecimento pela Igreja com a promoção de padre a santo…E olhem que isto de ser santo parece ser uma grande coisa. Ser santo é qualquer coisa como ser general da igreja, sendo Deus uma espécie de presidente e o Papa um capitão, ou assim...Ou seja, um santo já racha lenha e só responde perante Deus, o tal presidente...P'ra que vejam o alívio que se instalou nas hostes clericais...
Por outro ponto de vista, ainda mal e ainda bem que este dia já passou. Ainda mal porque já
acabou o intervalinho sob a forma de almofada “I Love You” de que muita gente usufrui neste dia, entre uma lambada nas ventas e duas ou três vergastadas de cinto. Ainda bem, porque voltamos a ter montras normais e vou conseguir parar de traduzir compulsivamente a frase “Be My Valentine” para português de cada vez que a vejo…Tu que andas por aí algures, se fazes favor, nunca digas que queres “ser a minha Valentina”…Yikes!! E é se queres, hein!?!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ahhh!! Que a agressividade fica-me tão bem...

Hoje sinto-me frustrado…muito frustrado. E se, num dia normal, estou longe de me considerar um tipo com piada, hoje (que estou frustrado…) sinto-me ainda menos capaz de alinhar meia dúzia de ideias engraçadas e de gizar umas piadolas com a mestria que o Pedro Abrunhosa põe nas suas letras (já a parte de cantar é outra história bem diferente…).

E de onde vem esta frustração…bem, é uma história demasiado longa e enfadonha para ser contada, quanto mais escrita…Por isso, posso resumir-me a outro handicap meu, que só recentemente descobri…Desde há 3 meses que moro sozinho e, como que por uns passes de mágica, descobri que a cama não se faz automaticamente, que a roupa não tem perninhas e mãozinhas para se enfiar na máquina de lavar e, muito menos, para se estender, passar-se a ferro e dobrar direitinha nas gavetas…Cheguei também à conclusão que há um longo caminho a percorrer até que a comida apareça a fumegar num prato à minha frente…Ah! E também lavo a loiça! Porém, no meio de tanta novidade, há uma coisa em que me considero um às a não dominar…já me falaram em cursos de culinária que, por sua vez, se desdobram em múltiplas possibilidades (desde cursos específicos de “bifes”, até “cozinha gourmet” e um muito jactante “receitas para impressionar”…). Desde já agradeço, mas fome é coisa que não passo…Por outro lado, era capaz de ponderar alinhar num curso que lançasse luz sobre novas formas de empilhar a fucking loiça no fucking alguidar depois de a fucking lavar…Já perdi a conta ao vernáculo que vociferei à medida que a merda dos tupperwares resvalam por entre a frigideira e a panela e as outras vezes é que é o caralho daquela panela de inox que se estatela com irritante estrépito no soalho, depois de se esgueirar, qual enguia, entre a caneca do leite e a malga da sopa…
Puta que os pariu!!

P. S. – Há sentimentos que só palavras como estas, arrancadas do fundo da alma, conseguem exprimir…

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Olá, dois mil e nove!!!!

Há ausências que se prolongam por muito tempo…e esta foi uma delas…Recorrendo ao chavão mais gasto que as ideias de um Carlos Carvalhas qualquer, poderia dizer “hey, já não dava notícias desde o ano passado!”...sem chavões de qualquer espécie, apenas digo que só escrevo aqui quando me apetece e não necessariamente quando o mundo expele notícias que valham a pena ser sublinhadas, evidenciadas e, quiçá, chacotadas…
Não garanto, tampouco, ao meu vasto público que este post signifique um regresso em força ao registo genial que pauta as minhas intervenções…Desconheço o futuro e, na esmagadora maioria das vezes, o passado também…Num registo-chavão, mais gasto que as solas dos ténis da Vanessa Fernandes, diria que “o futuro a Deus pertence”…sem chavões, e até porque o catolicismo não é o meu forte (apesar de poderem reparar que escrevi a palavra “Deus” com “D”…) diria que “logo se vê”, e amanhã pode ser que tenha vontade, ou não, de passar mais uns momentos a discorrer outro monte de distintas ideias…
Assim sendo, resumindo e concluindo, direi, num registo-chavão mais gasto que o joelho do Mantorras, “só sei que nada sei”…sem chavões (até porque, hoje em dia, ninguém no seu juízo perfeito se lembra de citar Sócrates, o Zé ou o outro mais velhinho…), direi “sei lá, pah!!!!”…