quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Mesmo o que é mau pode ter um lado bom...bonzinho, vá...


Acabei agora mesmo de ver, no Telejornal da RTP1, a notícia da morte da paquistanesa Benazir Bhutto. É, obviamente, um acontecimento triste. Quanto mais não seja porque implica a morte de alguém. No entanto, é impossível ficar indiferente ao sentido prático deste tipo de pessoas…não só dos supostos terroristas que resolvem os seus problemas “à macho”, ou seja, à pancada, mas também dos regimes ditatoriais…que fazem as coisas exactamente da mesma maneira.

Mas é ainda mais impossível menosprezar o input cultural que é facultado às populações quando se despacha, sem apelo nem agravo, as pessoas que podem servir de concorrência aos chefes de governo em vigor. Já viram como o facto de apenas mudar de chefe de governo ou de chefe de estado de 50 em 50 anos pode ser incrivelmente útil para melhorar os índices de cultural geral? Evitaria, certamente, o embaraço que ver certas reportagens onde 9 em cada 10 inquiridos respondem que o nosso actual Presidente da República é o Mário Soares ou o Afonso Henriques…

Até porque a pena para não se saber essa resposta poderia muito bem ser a de morte…O que vale é que temos a sorte de viver num país democrático onde a vontade das populações é democraticamente respeitada…Sorte a nossa!!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Desmistificar o Natal...

Feliz Natal, e tal…Pronto, agora que já cumpri a obrigação de desejar feliz Natal a meio mundo chegou a altura de descer à realidade e tentar desmistificar isto do Natal e todas (ou, p’lo menos, umas quantas…) as tradições a ele associadas. Mas como eu (ainda) sofro dessa maleita chamada juventude e as tradições são tradições porque já têm uns valentes aninhos nos costados, resolvi consultar alguns anciãos da nossa praça em busca de algumas respostas…

Tudo começa pela data em si…Então, o calendário não começou a contar a partir do nascimento do menino Jesus? É isso, não é? Então porque é que o dia de Ano Novo é dia 1 de Janeiro e não o 25 de Dezembro? Esperaram uma semana para arrancar com o calendário cristão? Ou demoraram pouco mais que um ano até decidirem que estava na altura de haver ramboiada e foi a partir daí que se estabeleceu a (outra) tradição de apanhar grandes bezanas na passagem de ano? Eu, que por intermédio do batismo, tornei-me católico acérrimo, ou cristão devoto, ou qualquer-coisa-haver-com-isso (hoje, que é Natal, até já rezei muitos "Padres Marias" e "Avés Nossos") espero, sinceramente, que seja a segunda hipótese…É que conheço muitos irmãos e irmãs que se agarram às lérias, ooops...quero dizer aos dogmas da igreja com unhas e dentes e temo que se sentissem perturbados se descobrissem que o menino-símbolo da cultura católica apostólica romana tinha nascido uma semana antes de haver, sequer, calendário…

Bom, mas como eu disse, andei por aí a inquirir a velha guarda em busca de respostas para saber o que de facto se passou naquela noite, numa qualquer caverna em Belém da Judeia…Sempre pensei que o menino Jesus (aquele das palhinhas…) era filho de José (o carpinteiro) e da Virgem Maria (a doméstica)…O que significa que o Zé e a Virgem (ahahahah!!!) Maria tiveram que, de alguma forma, providenciar uma gravidez…Pelo menos assim pensava…Mas, pelos vistos, não podia estar mais errado…Assim, segundo “quem sabe”, o menino Jesus nasceu depois de, e passo a citar, “o Divino Espírito Santo ter caído sobre a Virgem Maria…e pronto!”, fim de citação…Ora, se assim foi, três conclusões emergem de imediato…Em primeiro lugar, quando a Virgem Maria pariu o menino das palhas deveria ser tão virgem quanto a Pamela Anderson…Segundo, o José é corno…E em terceiro, esse tal Divino Espírito Santo é um grande doido..E sofre de ejaculação precoce, pois parece que lhe bastou cair em cima da Maria para lhe proporcionar uma fecundação bem sucedida…São, portanto, quatro conclusões, e não três…E, mais do que isso, tudo isto são questões que ficam sem resposta o que, aos vinte e seis anos, é constrangedor…Perguntem isto tudo a um miúdo da primária e vão ver que para ele é tudo claro como a água…eu que tenho idade para ser pai dele (que deprimente…) só tenho dúvidas…É triste…

Mas ainda mais intrigante se torna esta época quando nos debruçamos sobre a história dos reis magos, o Baltasar, o Gaspar e o Belchior…Pensem lá um bocadinho comigo…(ou melhor, vocês pensam e eu vegeto..ehehe…). É sobejamente conhecida a cena do nascimento do menino Jesus, certo? Todos nós visualizamos o catraio todo descascado nas palhinhas, a “Virgem” Maria à esquerda com uma cara de quem precisa urgentemente de uma episiorrafia e o Zé “Corno” à direita, agarrado ao pau…quer dizer, ao cajado. Conforme os quadros também lá pespegam um bovino, um ovino e um asno, entre outros espécimes animais…Perante este cenário, o que é que os otários dos reis magos resolvem trazer para presentear o menino abençoado? Ouro, incenso e mirra! Não sei o que vocês acham mas o que me parece mágica é a estupidez de oferecer ouro, um derivado da resina e um analgésico a um miúdo que nem um cobertorzinho tem para se tapar em pleno Dezembro e numa caverna cujas únicas fontes de calor eram uma vaca, uma ovelha e um burro…Já estou a ver a Unicef a pavonear-se um pleno Darfur e a presentear as crianças cheias de Beri-beri com um lingote, uma pinha e 2 Ben-u-ron’s…
Mas eles é que sabem…Eu não sou rei e muito menos mago…
Mas a Maria até era capaz de agradecer a mirra…Palpita-me…

domingo, 9 de dezembro de 2007

Manifesto de Acintosa Indignação

Esta é a primeira vez que escrevo o título de um post antes de o começar a escrever. Dizem que os verdadeiros artistas/escritores/criativos/ou-qualquer-coisa-assim-do-género só titulam as suas obras depois de concluídas porque, dessa forma, não se dão ao espartilho de serem guiados por um título previamente concebido…Acontece que eu não sou nem pretendo ser nada do que escrevi acima e, portanto, posso fazer o que muito bem entender…Dar o título primeiro, no fim, a meio ou nem sequer dar título nenhum…Who cares!?!! Bom, mas estaria a mentir se dissesse que estas eram as únicas razões…A verdade, verdadinha, verdadeira é que o tema deste post é uma boa desculpa para empregar o vocábulo “acintosa” que, reconheço, não é coisa que faça todos os dias…E, além disso, estou mesmo indignado portanto o título parece-me muito adequado, ainda que o post esteja por escrever…

Há dois dias atrás, pela madrugada fora, não encontrei nada de mais interessante para fazer que assistir a um debate na RTPN sobre o VIH/SIDA no nosso país…E, como não poderia deixar de ser, veio à baila a questão do cozinheiro que foi destituído das suas confeccionadoras funções por ser portador desta maleita…Tal como terá acontecido com muitos portugueses, também eu fiquei acintosamente indignado com este facto e, principalmente, com a justificação do despedimento. Diziam os especialistas requisitados pelo tribunal que seria possível que o vírus fosse transmitido se caíssem gotículas de suor, sangue ou outros fluidos na comida, durante a sua confecção…A minha indignação acintosa prende-se com o facto de me tomarem por um perfeito idiota (muitas vezes têm toda a razão, eu sei…). Até eu sei que o vírus não se transmite pelo suor…e não me passa pela cabeça que me levem à letra quando eu peço um belo bitoque com um ainda mais belo “bife em sangue”…e muito menos ainda me passa pela cabeça que raio de “outros fluidos” esperam os doutos especialistas encontrar nos pratos que comem…A menos que frequentem “O Avião”, ou estabelecimentos afins…
Como se esta acintosa sequência de acontecimentos não fosse já suficientemente acintosante, meia dúzia de dias depois, vem a lume a notícia de que a um cirurgião foi permitido que continuasse a exercer a sua profissão, mesmo depois de se saber que era portador do VIH/SIDA…Pronunciou-se a Ordem dos Médicos, aplaudindo a decisão e sublinhando que o risco de contágio era tendencialmente nulo uma vez asseguradas as medidas de protecção universal, ou seja, aquelas que se utilizam (ou devem utilizar…) sempre…
Acintosamente indignado fiquei com esta diferença de tratamento dada a um cozinheiro e a um médico…Malditas Ordens!!! O médico, perante uma situação extremamente melindrosa, foi logo tenazmente defendido pela Ordem dos Médicos…Já o pobre cozinheiro, nicles…Aonde estava a Ordem dos Cozinheiros quando tão necessária foi?
Ainda me queixo eu da minha….