quinta-feira, 20 de julho de 2006

Ora deixa cá ver...Mísseis parece-me bem...


Não...não vou escrever sobre o Mundial de Futebol...até porque, tal como eu já tinha pensado, escrito e dito (epah, como eu detesto ter razão...), já ninguém se lembra que ficámos em 4º lugar e já ninguém quer saber dos portugueses emigrantes e barrigudos na Alemanha que, por esta altura, podem estar a fazer o que bem entenderem...Já ninguém quer saber!! Ponto final!!
O que está na berra por estes dias é o conflito entre israelitas e libaneses/palestinianos/cisjordanos, ou seja, entre Israel e tudo quanto mexa ali à volta...Mas também não é sobre isso que me apetece escrever hoje. Ou melhor, andará a volta disso mas, se tivesse que escolher uma palavra chave para este texto (à boa moda das aulas de Sociologia que tive no meu navio-escola) seria EXAGERO..Mas poso sempre mudar de ideias entretanto...Dizia eu que também não vou escrever exactamente sobre a mais recente novela do Médio Oriente...Isto porque acho que não vale a pena (ou melhor, valerá, mas não hoje...) falar de do que anda meio mundo a dissecar e porque, a partir do momento em que o Hezbollah (que, para azar do caraças dos civis libaneses, tem dois membros inseridos no seu governo...) raptou 2 soldados israelitas, esta escalada de violência era mais do que previsível..
Há quem diga que a reacção do exército israelita é adequada, há quem diga que é exagerada...Tenho a minha opinião mas não a vou emitir porque acho muito pouco provável que alguém ligado a esse conflito a leia, perceba e leve em conta...Seja como for, a reacção era mais do que previsível para quem não tenha a memória curta. Aliás, basta ter precisamente 2 anos, 3 meses e 29 dias de memória pois foi no dia 22 de Março de 2004 que teve lugar um dos ataques mais morbidamente hilariantes que há memória na história mundial contemporânea (ou melhor, na história mundial comtemporânea que eu conheço..).
Assim, segundo reza a história, corria placidamente o dia referido quando o Sheik Ahmed Ismail Yassin, um dos fundadores do grupo islâmico Hamas, é empurrado para fora de uma mesquita rumo a casa, na companhia de dois guarda-costas e de dois dos seus filhos...Repararam? Eu disse empurrado...Pois, porque o ameaçador do Ahmed é esse mesmo que está na foto, embrulhadinho num cobertor...Só lhe falta a lareira, a ranchada de netos e o livrinho de histórias com as letras garrafais que a sua miopia lhe permitira ler..Se ele conseguisse ler pois, se repararmos bem, podemos notar um discreto desvio do olhar, da cabeça e da comissura labial à esquerda...AVC à direita!!?? Quem sabe... Dizia eu, então, que o velhote ia sendo empurrado para fora da mesquita quando, do nada, um helicóptero do exército israelita rasga os céus a alta velocidade e, numa acção obviamente planeada, atenta com suceso contra a vida do Sheik...
Até aqui tudo bem mas esta estorieta começou toda com a questão da previsibilidade da reacção israelita ao rapto recente dos seus dois soldados oelo Hezbollah..Pois é...é que o centro da questão não é a acção em si mas sim os meios utilizados para dar cabo do canastro ao velho...Então não é que eles sobrevoaram o grupinho de, antentem (que palavra tão bem aplicada ao contexto...) bem, um velho numa cadeira de rodas, dois guarda-costas e os dois filhos do velho e desencadearam um ataque com mísseis!!?? Misseis!! Misseis!! Sim, leram bem! Misseis!!! Para matar um velho numa cadeira de rodas, a curta distância, usaram mísseis!! Escusado será dizer que nem sobrou uma unha do Sheik para por num caixão e fazer um daqueles funerais populares de que os árabes tanto parecem gostar, com tiros para o ar, bandeiras americanas a arder "Allah's Akhbar's", e tal, e tal...
Portanto, caros e inexistentes leitores, se os israelitas usaram misseis disparados a curta distância para limpar o sebo a um velhote de cadeira de rodas, parece-me perfeitamente previsível (se calhar até peca por defeito...) a reacção ao rapto de dois soldados israelitas...
E eu nem quero imaginar como é que eles resolvem questões passionais...Cá em Portugal matam-se a tiro, incendeiam-se namoradas e ficamos por aí...Em Israel...bem, por aquelas bandas devem levar as coisas muito mais a peito...

Sem comentários: