"Eles"...

A recente tragédia que ocorreu numa praia algarvia trouxe ao de cima o sentido de humor português…Depois das múltiplas anedotas sobre Michael Jackson, foi preciso morrer mais gente para despertar os “Badarós” que há em nós…

Para quem tem andado distraído, há 3 dias atrás deu-se uma derrocada numa praia de Albufeira que resultou na morte de 5 pessoas, soterradas no areal sob toneladas de pedregulhos que se desprenderam de um pedregulho maior…Claro que é de lamentar a perda de 5 vidas mas, ainda a poeira do desabamento não tinha assentado, já se desencadeava a habitual (e desta vez a roçar a delirante…) caça às bruxas…Nos dias seguintes, testemunhas e mirones debatiam e rebatiam o acontecimento e foi possível perceber que a culpa disto tudo é d’ “eles”…E é aqui, quando os testemunhos do ocorrido chegam aos microfones da TV, que começa o desfiar de involuntárias tiradas humorísticas…Diziam uns que “eles”, essa entidade misteriosa, deveriam ter providenciado formas de impedir que as pessoas se abrigassem do Sol junto do penedo que ruiu…enquanto outros afirmavam que “isto” (apontando para uma formação rochosa semelhante à desabada) era espaço público, logo, responsabilidade d’ “eles” e não de quem se refastela no sopé de uma coisa que, está visto, pode ser tão segura como um castelo de cartas em dia de vento…

Convém, nesta altura, dizer que, tanto o penedo que desfaleceu como o penedo chamado “isto”, estavam assinalados com uma placa, em 4 idiomas diferentes, alertando para o perigo de derrocada iminente. Convém também dizer que, como tantas vezes acontece, a sinalização não foi respeitada e, nesta ocasião, com os funestos resultados que se conhecem…

Eu cá estou de acordo com quem dizia que “eles” deveriam arranjar maneira de impedir as pessoas de desrespeitar os avisos que estão à vista de quem os quiser ler…Se eu fosse “eles”, substituía a areia em redor do penedo por carvão incandescente…ou então, pagava a um par de nadadores-salvadores para ficarem de plantão no sopé do barroco com um par de rottweiler’s treinados num subúrbio lisboeta…Uma vez que um aviso civilizado não chega, acho que estas medidas conseguem ser bem razoáveis. Se mesmo assim não for suficiente, eu próprio me voluntario para pegar numa chaimite (que, espero eu, seja gentilmente emprestada por “eles”) para passar a ferro os prevaricadores…Assim, fica gente maltratada à mesma…e o culpado seria eu e não a rocha. E, com um bocadinho de sorte, talvez até “eles” se safassem…