Há dois dias atrás recebi um gentil convite por parte de uma distinta dama para tomar um beberete na esplanada mais próxima, ou seja, a minha mãe quis pagar-me um café na esplanada do Parque da Cidade do Barreiro…O glamour não é o mesmo mas a descrição aplica-se na perfeição. Até porque qualquer ser vivo eucariota parece mais distinto quando me tem por companhia. Se assim é, ainda mais enfatuado se deve ter sentido a individualidade com quem tive a ocasião de partilhar esplanada. Não, não falo da minha mãe…mas sim do digníssimo senhor presidente da Câmara Municipal do Barreiro que, por sua vez, partilhava mesa e beberetes com duas vistosas damas. Ou seja…na mesma esplanada que eu, cerca de duas mesas a Noroeste, estava o Dr. Carlos Humberto, que bebia um cafezinho juntamente com duas mulheronas, de genótipo claramente escandinavo, deleitando-se com o sol barreirense que, já dizem os antigos, faz maravilhas às borbulhas postulentas…
Não sei se o Dr. Carlos Humberto é, de facto “Doutor”…No entanto, sei (porque já ouvi…) que já epitetaram o Luís Filipe Vieira de “Doutor” e, tanto quanto sei, antes de ser presidente do Benfica, era "apenas" um nome sonante no ramo da recauchutagem de pneumáticos…Ora, se isso faz dele um “Doutor”, é legítimo afirmar que ser presidente de Câmara será suficiente para fazer um upgrade académico no titular de tal cargo…Quanto à qualidade do Sol barreirense…Bem, quanto a isso, não sei bem o que é verdade e o que é mentira…mas verdadeiro é o meu passado de tardes solarengas na praia do Barreiro, aka Teso’s Beach ou, mais prosaicamente, Praia do Cagalhão, de tronco nu, cultivando a esperança de secar as borbulhinhas de cabeça branca que, teimosamente, insistiam em povoar os meus ombros belos, másculos e bem delineados…na força dos meus 13 ou 14 anos…E vem isto a propósito de quê? De nada, como é costume por estas paragens blogueiras…
Mas, já que estamos a falar de “Doutores”, gostaria de recuperar um caso que foi bastante falado há um par de semanas e que muito contribuiu para tornar os meus dias mais felizes, via gargalhadas compulsivas… O caso de que falo é o do recente julgamento de Mário Machado…Para quem não sabe, Mário Machado é o líder (ou ex-líder…) de uma organização nacionalista que, tanto quanto sei, apela ao orgulho patriótico. O julgamento, e toda a situação em si, levantou grande celeuma e, como acontece sempre em casos polémicos, muitas foram as vozes defensoras e vexatórias do réu…
Olhando para a cara dele até o acho um tipo pacato. Assim, tipo o Cabo Costa, aquele que os media tentam a todo custo fazer-nos acreditar que tem ar de serial-killer, à custa dos close-ups que fazem do olhar “maquiavélico” que tem nesta foto…mas que não me lembra ninguém a não ser o inofensivo Sr.Joaquim, que costuma parar muito no Café Paivense…Bom, mas é baseado nisto que me custa a crer em algumas acusações que são feitas a Mário Machado. É verdade que ele foi filmado, em reportagem, a mostrar uns utensílios que tinha em casa, como soqueiras, shotguns e afins…mas não o ouvi falar da sua dieta nem da limpeza do seu apartamento. Quem sabe se as soqueiras não serão necessárias para abrir latas de conserva ou as shotguns úteis para despachar, sem apelo nem agravo, comunidades e comunidades de baratas que insistam em perturbar a leitura esporádica do Mein Kampf?? São estes pormenores que urge esclarecer…mas não posso deixar de apontar umas coisas ao Mário Machado...Primeiro, para quem se diz nacionalista e patriótico, liderar um organização chamada Hammerskins, é logo um mau começo…A língua portuguesa é muito rica e acho que ser chefe de algo chamado “Martelos Rapados” não retiraria credibilidade à causa…
Por outro lado, Mário Machado afirma não ser racista (que representa o ódio por outras raças…) mas sim racialista (que consiste no orgulho em ser de determinada raça…). E aqui admito que fiquei baralhado. Porque, pelos vistos, comparar pessoas com macacos entra nos domínios do racialismo e não do racismo. Por outro lado, sempre pensei conhecer muitos portistas, sportinguistas e benfiquistas mas agora vou ter que re-catalogar algumas em portialistas, sportingalistas e benficalistas…Obrigado, Mário Machado…sinto-me culturalmente mais rico…
Seja como for, não me admiro que a organização se tenha dissolvido. Para se ser um líder é necessário ser-se coerente, e Mário Machado não poderia, NUNCA, ser um líder racialista coerente…Porque ser Mário Machado é ser MM, ou seja, M&M…Isto faz dele um docinho (quando o líder de uma “coisa” racialista tende para a, vá lá, determinação…) que é colorido por fora (e sabe-se como os racialistas não vão muito à bola com coloureds nem com as cores do arco-íris…) e castanho (ou preto, para os daltónicos ou simplistas…ou será simpistas??) por dentro…
De uma ou de outra forma, faz-se justiça…